domingo, 14 de julho de 2013

O que os governos não querem é dar liberdade aos profissionais

Reportagem na Folha de São Paulo, de 08/07/2013:
No modelo usado na Venezuela, Cuba funciona como uma empresa terceirizada que fornece profissionais. O governo contratante paga a Havana pelos serviços e os médicos recebem só uma parte. Apesar disso, o programa é considerado atrativo para os profissionais, que ganham cerca de US$ 40 na ilha e, com ele, têm acesso a benefícios.
O formato também é criticado por ex-participantes, que acusam o governo comunista de submetê-los a um duro regulamento disciplinar e impor regras de pagamento como poupança compulsória para evitar "deserção". A regra disciplinar na Venezuela, vigente em 2010, incluía pedir autorização para pernoitar fora do alojamento, proibição de dirigir e a obrigação de informar sobre namoros. Falar com a imprensa também estava vetado.
Na Venezuela e em outros 25 países que contratam médicos nesse regime de semi-escravidão.
Médicos cubanos en Africa generan millones
“Países exportadores de petróleo como Argelia y Angola, están pagando fuertes sumas de dinero por el personal médico cubano que trabaja en sus redes hospitalarias", afirmó Miroff. Angola paga a Cuba $5,000 dólares mensuales por cada médico que contrata, de los cuales el gobierno cubano le paga a ese profesional $500 dólares, una pequeña suma del total, pero mucho más de lo que podría ganar en la isla, destaca el reportaje.
(Leia também "Nip and tuck in" no Economist)
La odisea de los médicos cubanos que desertan a EE.UU. - WSJ.com
Datos divulgados a The Wall Street Journal bajo la Ley de Libertad de Información de EE.UU. muestran que, hasta el 16 de diciembre, los consulados de EE.UU. en 65 países han expedido 1.574 visas CMPP [Cuban Medical Professional Parole, um programa americano para refugiados cubanos]. Cuba ha estado enviando "brigadas" médicas al extranjero desde 1973 para respaldar a regímenes "revolucionarios" en países como Etiopía, Angola y Nicaragua y, quizás más importante, para ganar dinero. El diario oficial del Partido Comunista cubano, Granma, informó en junio que Cuba tenía 37.041 doctores y otros profesionales de la salud en 77 países. Las estimaciones sobre lo que gana Cuba con sus equipos médicos —ingresos que el banco central de Cuba considera "exportaciones de servicios"— difieren ampliamente, llegando hasta los US$8.000 millones anuales. (...) 
El disidente de 41 años afirma que en el programa abunda la corrupción. "Se sabe que para entrar en los mejores países —estamos hablando de Sudáfrica, Brasil— hay funcionarios que reciben dinero bajo la mesa. Cuesta entre US$500 y US$1.000", afirma.
(tremei, imperialistas!)
Território Eldorado :: Notícias :: Medidas do Mais Médicos são 'emergenciais', diz Padilha
Na falta desses profissionais para o preenchimento das vagas, a pasta vai buscar médicos formados no exterior - sem a revalidação do diploma. "Se houver a revalidação do diploma, o médico estrangeiro poderá atuar em qualquer localidade do país. E não é isso que queremos. Queremos que o médico atue nas áreas carentes", justificou.
Tendo a preferir médicos que passaram por crivos de qualidade -- contra Hélio Schwartsman que defende uma política de governo que prefereria contratar mecânicos a não contratar ninguém [1]. Porém, independentemente da opinião acerca da revalidação dos diplomas, a fala de Padilha deixa clara a arbitrariedade na concessão de direitos aos profissionais de saúde. Tratar os estrangeiros como cidadãos de segunda classe vai além de alinhamento ideológico. Uma solução que seja satisfatória para os médicos estrangeiros e para as comunidades carentes não é tão simples, e é muita ligeireza atacar a todos que se opõem à prática (e não ao discurso, sempre perfeito até quando defende idéias antitéticas) governamental. Mesmo que todos os corporativistas fossem contra, isso não quer dizer que quem seja contra é corporativista.

Fonte: FSP

[1] Aliás, não há motivos para crer que os médicos cubanos não sejam competentes -- eles devem ser especialistas em trabalhar em condições precárias. Meu comentário não é sobre isso. Mas o argumento de que um médico ruim é melhor que nada é simplesmente idiota. Basta ver qualquer medicina alternativa e charlatões.

Atualização em 8/8: veja também http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2013/08/08/professor-cubano-da-usp-esmiuca-em-artigo-o-modelo-de-exportacao-de-medicos-de-havana/

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